22 de out. de 2013

Nevralgias

NEVRALGIAS
  • Autor: Eduardo Mahon
  Edição – 2013
Gênero: Literatura / Crônica / Poesia
Editora> Carlini e Caniato Editorial
Eduardo Mahon ressignifica as palavras e as letras são instrumentos, artefatos polivalentes na estruturação e construção sólida da fragmentação constituinte dos seus tecidos escriturais.
Ressignifica porque, ao atravessar as palavras que povoam e desenham as imagens dos seus textos/parcelas, dos seus tecidos/lavrados, propõe que o imaginário-vida aqui lançado seja laçado pelo leitor. O escritor recupera a função do estimado leitor e este passa para o papel de intérprete do texto de Mahon.
Cada ementa literária ou Alma de artista ou Silêncio e a importante Notícias de mim revelam as possibilidades instrumentais criativas do autor. Em Notícias de mim, há algo que resvala na beleza da eternidade no plus espiritual do lirismo filial. Encontrei aqui momento de singularidade sígnica, esbarrei na mansuetude da falta maternal e postei contrida em busca de mais notícias. Escritura de puro sabor de um saber amar, do tempo admirável vivido com a figura da mãe. O intérprete/leitor necessita competência e sentimento apurado para adentrar nas Notícias.
Na verdade, todos os recortes-contos são admiráveis oportunidades de traçar esboços de fatos, circunstâncias, paisagens ou perpetrar pedaços de personas, máscaras e personagens que circulam na cosmovisão do artista. Qualificadoras imagens! Exemplo encontro em O chato! O encontro da pena que sub/linha, da proximidade criadora do artefato que escava o texto para produzir um contexto enriquecedor. Função do escritor: desbravar a palavra com a novidade de ser fiel a si mesmo e resguardar a marca registrada da plasticidade dos elementos escriturais! E como canta Ezra Pound:
“É que eu sou um poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho”.
Assim é o Escritor Eduardo Mahon!
*Marília Beatriz de Figueiredo Leite
Professora Adjunta (UFMT) e Mestra em Comunicação e Semiótica (PUC-SP)
O Autor
 Eduardo Mahon nasceu no Rio de Janeiro e mora em Mato Grosso, desde 1980. Ar­ticulista, polemista, advogado, professor de Criminologia, Direito Penal e Proces­sual Penal, membro do Instituto Brasi­leiro de Ciências Criminais, ingressou na Academia Mato-grossense de Letras em 2007, ocupando a cadeira 11, cujo patro­no é Augusto João Manuel Leverger, o Ba­rão de Melgaço.
 
 

LIVRO NA OBRA, mais uma frente de trabalho do Inclusão Literária/Cinema Circulante.






Lançamento do Livro NVRALGIAS, do meu amigo e Irmão Eduardo Mahon

Inclusão Literária/Cinema Circulante - Pé na Estrada





30 de dez. de 2011

9 de out. de 2011

CIRCUITO MATO GROSSO

 “Kyvaverá”
Autor: Ivens Cuiabano Scaff,
Ano: 2011
Editora: Entrelinhas

“Disque... tanto tempo já passou/ Índios, lontras ... já não há/ Disque....certeza ninguém dá/ A cidade existe, o rio persiste/Cidade e rio com o mesmo nome/ Fácil e gostoso de pronunciar/Cuiabá”. Os versos finais de “Kyvaverá”, poema de Ivens Cuiabano Scaff, transpiram paixão pela cidade natal deste médico e escritor.
Médico e escritor, Ivens Scaff é reconhecido como autor de livros infanto-juvenis (tem cinco publicados) e já teve poemas incluídos em duas coletâneas organizadas pela Entrelinhas.  Ivens não esconde o misto de nervosismo e a alegria com o novo trabalho.  

Ao longo de 160 páginas de “Kyvaverá” - nome usado pelos indígenas para identificar o rio que banha a antiga Vila Real do Senhor Bom Jesus de Cuiabá -, Ivens desnuda sua paixão por Cuiabá – pela história da capital mato-grossense, por cada pedaço do bairro Porto, onde foi criado, pelos monumentos, árvores e a gente cuiabana, com seus hábitos e linguajar peculiares. Mas não se trata de uma obra saudosista, pois o autor sabe ser crítico, irônico, sagaz, sem jamais perder a levada poética.

Com um texto de apresentação de Marília Beatriz de Figueiredo Leite, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e professora adjunta da UFMT, ilustrações de obras de arte de Jonas Barros e curadoria de Maria Teresa Carracedo, “Kyvaverá” apresenta apenas uma parte da poesia de Ivens Scaff. “Um dia, revendo meus rabiscos em papéis de todo tipo, últimas páginas de caderno, receituários, programas de congressos médicos e até guardanapos de bar, resolvi ‘salvar’ tudo em meio digital”, conta o autor, que se viu diante de mais de 500 poesias, nascidas “espontaneamente” ao longo do tempo, por mais de 40 anos.

 O livro é dividido em quatro partes: Kyvaverá, Os meses, Arredores e Árvres - escrito “do jeito que as crianças falam”, segundo o autor.  Para a editora ‘Kyvaverá’ nasce como um canto de amor e de dor a Cuiabá, com uma poesia que nos transpassa, emociona... e que acrescenta valor à literatura e à cultura mato-grossense e brasileira”.  Em seu texto sobre o livro, Ivens diz que gostaria que “estes versos fossem lidos da maneira como foram feitos, preitos de amor e devoção à nossa cidade, de um menino-verseiro do Porto”.  

      O CORVO * (de Edgar Allan Poe)
    Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste, Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais, E já quase adormecia, ouvi o que parecia O som de algúem que batia levemente a meus umbrais. "Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
    É só isto, e nada mais."Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro, E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais. Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais - Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
    Mas sem nome aqui jamais!Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais! Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo, "É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais; Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
    É só isto, e nada mais".E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante, "Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais; Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo, Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais, Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
    Noite, noite e nada mais.A treva enorme fitando, fiquei perdido receando, Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais. Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita, E a única palavra dita foi um nome cheio de ais - Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
    Isso só e nada mais.Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo, Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais. "Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela. Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais." Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
    "É o vento, e nada mais."Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça, Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais. Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento, Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais, Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
    Foi, pousou, e nada mais.E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura Com o solene decoro de seus ares rituais. "Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais! Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
    Disse o corvo, "Nunca mais".Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro, Inda que pouco sentido tivessem palavras tais. Mas deve ser concedido que ninguém terá havido Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais, Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
    Com o nome "Nunca mais".Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto, Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais. Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
    Disse o corvo, "Nunca mais".A alma súbito movida por frase tão bem cabida, "Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais, Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais, E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
    Era este "Nunca mais".Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura, Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais; E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais, Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
    Com aquele "Nunca mais".Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo À ave que na minha alma cravava os olhos fatais, Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais, Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
    Reclinar-se-á nunca mais!Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais. "Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais, O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
    Disse o corvo, "Nunca mais"."Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais, A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo, A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
    Disse o corvo, "Nunca mais"."Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta! Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais. Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais, Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
    Disse o corvo, "Nunca mais"."Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte! Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais! Não deixes pena que ateste a mentira que disseste! Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais! Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
    Disse o corvo, "Nunca mais".E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais. Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha, E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
    Libertar-se-á... nunca mais!
    Fernando Pessoa

20 de fev. de 2011

BOA VIAGEM, SODRÉ. "O POETA DA TRANSMUTAÇÃO"

Faça-se o poema, de qualquer forma:


aberto,
fechado,
rasgado,
solto,
louco,
livre, rimado, trovado,
travado,
com letras miúdas, grandes, grávidas!
faça-se o poema:
marron, vermelho, branco, negro, roxo, verde,
escarlate ...
cor-de-chocolate,
com batom ou sem batom:
faça-se o poema!
faça-se o poema: é uma ordem da vida!
essa ordem que não tem compromisso
como o poema
que é feito sem compromisso,
pois ele já é em si um compromisso feito
como a vida, feito um poema ...
e o poema se faz
como se faz a dor
costurada, amordaçada, sangrando,
palpitando num delírio
que faz do poema
que faz da dor:
a força que move o mundo!


sonhostantostontossonhos

os sonhos sonhei-os todos
num sonhar desesperado
até me perder sonhando
imerso no meu passado
recordações ilusórias
quimeras imagens tolas
gravadas no inconsciente
"pra" no presente repô-las!
suscitou-me pesadelos
assanhando meus cabelos
oh! era melhor não vê-los
soaram em vão meus apelos!
mas tem sonhos tão gostosos
dá vontade de comê-los
suaves vôos de aves
caravanas de camelos
transportando em seus alforjes
doces, balas, caramelos!
flutuando ... flutuando ... flutuando
feito espuma colorida
que chego a pensar que a vida
é um sonho em movimento.

abismumano

um abismo me separa
dos meus próprios semelhantes ...
mas se tento chegar mais perto deles
sinto estar mais longe
do que estava antes!
é que entro cada vez mais
para dentro de mim mesmo
numa viagem, que se afasta da chegada,
pois vou pra lugar nenhum
numa lenta caminhada ...
... que me diminui
não sou, pois nunca fui...
... apenas me desfaço
como uma estátua que rui! ...

corparia porcorea

todo corpo é porco
todo porco é corpo
pouco porco
muito
porco
todo corpo é porco
todo porco é corpo
corparia
porcórea
porcaria
corpórea
porcoral mente
corporalmente
na cama
na lama ...
corpumano




18 de fev. de 2011

SÃO GONÇALO VELHO - Povoação Cuiabana Pioneira





Autor: Paulo Pitaluga Costa e Silva
Edição: 1ª 
Ano de publicação: 2010 
Gênero: História – Mato Grosso
Editora: Carlini & Caniato
 
A  obra

São Gonçalo Velho é a povoação urbana mais antiga de Mato Grosso e em especial da região do vale do rio Cuiabá, sendo que sua ocupação populacional nunca sofreu qualquer descontinuidade desde 1718. Sua memória histórica e social sempre foi relegada a um segundo plano na historiografia regional, vez que sempre se priorizou as pesquisas e os textos acerca de Cuiabá, as lavras do Sutil por excelência, em detrimento de seus primeiros arranchamentos.

O  autor

Paulo Pitaluga Costa e Silva é historiador, sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso e seu ex-Presidente. Autor de 24 livros já editados acerca da história regional mato-grossense e mais de 60 artigos publicados em revistas especializadas. Desde 1999, coordena a série Publicações Avulsas, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, com 67 títulos publicados, abrangendo re-edições de obras, artigos raros e de difícil obtenção.

21 de jan. de 2011

Jornalismo Literário Para Iniciantes


Quando a palavra "jornalismo" vem à sua cabeça, acionada por algum motivo qualquer, provavelmente o conceito subjacente que chega à sua consciência é o do jornalismo noticioso. Trata-se uma forma preponderante de jornalismo, caracterizada, na maioria das vezes, por textos curtos, informações ligeiras, opiniões e - hoje em dia, particularmente nos jornais e nas revistas - colunas assinadas por diferentes autores, tratando de assuntos os mais diversos. Às vezes você também encontra reportagens, quase sempre curtas. Essa é na verdade apenas uma forma de jornalismo. Pois também existe uma segunda, menos presente na mídia contemporânea, tão importante e tradicional quanto a primeira. Trata-se de uma forma diferenciada de jornalismo, com propósito, visão de mundo e instrumentos de expressão da realidade bastante peculiares. É o jornalismo literário. Como o nome sugere, busca excelência na linguagem. O texto elaborado com qualidade é uma de suas marcas. Ascrescentam-se a isso outras características relevantes, tornando-se pelo conjunto de elementos que compõem sua natureza uma forma fascinante de jornalismo, para autores e para o público. Em jornais, em revistas, em livros-reportagem - e agora na internet - ocupa um lugar especial no cenário contemporâneo da comunicação de massa, no Brasil e no mundo. A tradição de mais de 100 anos de existência une-se a experimentos novos, muito atuais, demonstrando a contínua capacidade de o jornalismo literário adaptar-se a contextos culturais emergentes. Por isso, vislumbra-se um futuro provável em sintonia com novos tempos, mantendo-se o padrão de seu principal segredo: a força arquetípica, na nossa civilização, da arte de se contar histórias.


Publicado pelo inovador sistema editorial Clube de Autores - www.clubedeautores.com.br-, o livro é acessado por esse site ou diretamente pelo link http://www.clubedeautores.com.br/book/35300--Jornalismo_Literario_Para_Iniciantes - encomendado, impresso e enviado por Sedex, ou retirado em unidades selecionadas da AlphaGraphics - http://www.alphagraphics.com.br - em São Paulo e no Rio de Janeiro. Há várias formas de pagamento, inclusive parcelamento.

Edvaldo Pereira Lima

21 de nov. de 2010